sexta-feira, 22 de junho de 2012

Lanterna dos afogados.





Quando tá escuro
E ninguém te ouve
Quando chega a noite
E você pode chorar...
Há uma luz no túnel
Dos desesperados
Há um cais de porto
Prá quem precisa chegar...
Eu tô na Lanterna
Dos Afogados
Eu tô te esperando
Vê se não vai demorar...
Uma noite longa
Pr'uma vida curta
Mas já não me importa
Basta poder te ajudar...
E são tantas marcas
Que já fazem parte
Do que eu sou agora
Mas ainda sei me virar...
Eu tô na Lanterna
Dos Afogados
Eu tô te esperando
Vê se não vai demorar...
Eu tô na Lanterna
Dos Afogados
Tô te esperando
Vê se não vai demorar...
Uma noite longa
Pr'uma vida curta
Mas já não me importa
Basta poder te ajudar...
E são tantas marcas
Que já fazem parte
Do que eu sou agora
Mas ainda sei me virar...
Eu tô na Lanterna
Dos Afogados
Eu tô te esperando
Vê se não vai demorar...
Eu tô na Lanterna
Dos Afogados
Tô te esperando
Vê se não vai demorar...
Eu tô te esperando
Vê se não vai demorar...




Traída, pela minhas defesas.

Sabe aquele momento em que você não tem chão, em que você se sente caindo em um precipício, onde toda a sua segurança, e toda a sua as suas certezas se vão!
Pois é bem assim que me senti essa semana, sem saber onde ir, qual o caminho certo, ver meu grande esforço esvaindo em meio ao meu cérebro confuso. Foi essa a sensação que senti, quando essa semana me colocaram a prova diante de pressão, me coloram a flor da pele com os nervos, entrei em contradição com as minhas mais seguras certezas, com aquilo que havia visto muitas vezes, aquilo que sabia sem pestanejar, duvidei de mim, se realmente sabia aquilo. E no fim, cai em contradições, nas artimanhas, e deixei aparente o meu ponto fraco para o inimigo, que soube que aquele era o meu ponto fraco e assim, tripudio em cima de mim, levando a sua vitoria e me deixando desestruturada.
Vi naquele momento meu esforço de dias, meu trabalho, minhas horas dedicadas a função, serem jogadas por água a baixo. Escorrerem de mim, fugiram por entre meu cérebro, minhas memórias, e as partes de conhecimento que adquiri ao longo desse tempo.
Fui traída por mim mesma, pelo nervosismo, pela falta de segurança, talvez pelo excesso de segurança, por ter muita certeza de muitas coisas, por conceitos tragos de muitos anos, de outras eras, e épocas vividas por mim, conceitos e coisas das quais agora duvidei se tenho mesmo certeza. Pela presença de uma pessoa superior aos demais que me colocou temor, me fez tremer, e assim perder o chão e ser traída pela ansiedade, pela minha falta de controle naquele momento. 
Mas enfim passou, me senti como se tivesse como diz a canção, numa noite longa com uma vida curta. Mas então chegou a noite e pude chorar, me desabafar, colocar pra fora tudo aquilo que estava aqui dentro, o sentimento de derrota, de tempo perdido, de não satisfação da minha expectativa, de não realização pessoal, e de não poder cumprir com o prometido aos demais, não poder dar a noticia esperada, que sim tudo estava bem, conforme o planejado e esperado.
E como sempre, lá estava a pessoal fundamental em quase todos o momentos de minha vida, pra me ajudar nas minhas fraquezas, pessoa para a qual me desnudo de todas as minhas máscaras e armaduras.
Minha mãe. Descubro mais uma vez, que estou muito ligada emocionalmente a ela, que ainda sou muito dependente dela para resolver algumas de minhas emoções e angústias. E assim percebo que preciso trabalhar isso em mim, que preciso caminhar sozinha nesse ponto, mas isso são coisas a futuro,que ainda não tenho condições de resolver assim de imediato.E como sempre ela me mostra o lado bom das coisas e lado ruim também, me indagou de forma sutil sobre minhas decisões e escolhas, se estou realmente certa, segura do que estou fazendo, se minha decisão de vir para onde vim foi mesmo acertada, se o curso que escolhi fazer é realmente a minha vocação, se não só entrei nessa por teimosia, pra provar aos demais que sempre apostaram que não seria nada, que sim, sou capaz de fazer algo, ser alguém. 
Me fez tantas outras quantas perguntas que me levaram por uma momento, a duvidar de mim, me perguntar algumas coisas, ver se minha realidade era verdadeiramente real. 

Tive um momento de crise existencial, de ver minha bolha de vida construída ao longo de anos, escapar o ar por vários lados, e assim me senti sufocada, sem ar, ameaçada. 
E por fim, sei que minha decisão do curso é por amor, que descobri nele uma vocação, a qual no inicio não era tão real, que era mais por status, por dinheiro. Mas ao longo do tempo fui vendo que era algo que já estava em meu ser, que me dominava, e preenchia um vazio, uma vontade de fazer algo por alguém, de ver as pessoas bem, de poder conhecer como funcionava meu corpo, essa maquina tão linda. Assim percebi que a medicina é um parte de mim, é uma vocação, um sonho.
Mas então, fiz uma retrospectiva de tantas coisas que já passei desde que aqui cheguei, das coisas que tive que fazer no Brasil pra estar aqui, do acidente que sofri, e que por obra do Senhor não aconteceu nada, das brigas sem fim, das palavras doloridas ditas. Reparei que tenho passado tantas batalhas, ao longo de um ano, que jamais havia passado em minha vida, que tenho feito de tudo pra ganhar essas batalhas, mas muitas me tem derrotado, que cresci tanto nesse tempo, que amadureci mais ainda. 

Mas mesmo assim, estou cansada de nadar, nadar e morrer na praia, que minhas mãos estão calejadas, muito cheias de cicatrizes, que já não aguento mais vê-las sangrar, de tanto dar murros em pontas de facas. No auge desse momento disse que já não tenho forças mais pra isso, que não sei se suporto a tudo isso, que sou fraca, por mais que me ache forte.
Cheguei a conclusão que vir para cá foi bom para me colocar a prova, ver meus limites, minhas fraquezas,  minhas dependências, e pra me conhecer melhor. Mas também acho que se não der certo agora, eu desisto, que a minha última chance é essa, e que se não der certo agora não será aqui, que esse pais não era mesmo meu destino pois, como já disse em outro texto, só me desvivei dele para no final retornar ao verdadeiro destino. E assim, se nessa semana não acontecer o planejado, estou partindo, voltando pra casa, pra terminar de percorrer o caminho, que lá deixei pela metade, mas sem remorsos, sem arrependimentos pois, daqui só levarei o que foi bom, alguns momentos de ALEGRIA, as AMIZADES, as BELAS IMAGENS dessa cidade, e claro o meu CRESCIMENTO PESSOAL. E a certeza de que lutei, que tentei fazer o meu melhor, que venci batalhas bravamente, e que por mais que digam que voltei de mão vazias eu sei que não que ganhei algo que ninguém pode me tirar, EXPERIÊNCIA DE VIDA.