terça-feira, 18 de setembro de 2012

Estranho jeito de amar.

Depois de tanto tempo sem escrever, sem me fazer presente nesse tão vasto mundo cá estou eu , um pouco melancólica, mas isso é de praxe não é mesmo e para retratar um pouco desse sentimento uma música que redescobri depois tanto tempo.




Estranho Jeito de Amar 

Sandy & Junior

Quanta bobagem
Tudo o que se falou
Me olho no espelho
E já nem sei mais quem sou

Quanto talento
Pra discutir em vão
Será tão frágil
Nossa ligação

Não tem que ser assim
Tanto desencontro, mágoa e dor
Pra quê que a gente tem que
Se arriscar

Então volta pra mim
Deixa o tempo curar
Esse estranho jeito de amar

Falsas promessas
Erros tão banais
Mas ninguém cede
E pensa em voltar atrás

Não tem que ser assim
Tanto desencontro, mágoa e dor
Pra quê que a gente tem que
Se arriscar

Então volta pra mim
Deixa o tempo curar
Esse estranho jeito de amar

Esquece esse jogo
Não há vencedor
Mesmo roteiro
De sempre cansou

Vou te amando
E me frustrando
E sobrevivendo
Por um fio
Mas tô aqui
Sem desistir
Volta pra mim

Não tem que ser assim
Tanto desencontro, mágoa e dor
Pra quê que a gente tem que
Se arriscar

Então volta pra mim
Deixa o tempo curar
Esse estranho jeito de amar

Não tem que ser assim
Tanto desencontro, mágoa e dor
Se é bem melhor
A gente se entregar
Então volta pra mim
Deixa o tempo curar
Esse estranho jeito de amar





sexta-feira, 22 de junho de 2012

Lanterna dos afogados.





Quando tá escuro
E ninguém te ouve
Quando chega a noite
E você pode chorar...
Há uma luz no túnel
Dos desesperados
Há um cais de porto
Prá quem precisa chegar...
Eu tô na Lanterna
Dos Afogados
Eu tô te esperando
Vê se não vai demorar...
Uma noite longa
Pr'uma vida curta
Mas já não me importa
Basta poder te ajudar...
E são tantas marcas
Que já fazem parte
Do que eu sou agora
Mas ainda sei me virar...
Eu tô na Lanterna
Dos Afogados
Eu tô te esperando
Vê se não vai demorar...
Eu tô na Lanterna
Dos Afogados
Tô te esperando
Vê se não vai demorar...
Uma noite longa
Pr'uma vida curta
Mas já não me importa
Basta poder te ajudar...
E são tantas marcas
Que já fazem parte
Do que eu sou agora
Mas ainda sei me virar...
Eu tô na Lanterna
Dos Afogados
Eu tô te esperando
Vê se não vai demorar...
Eu tô na Lanterna
Dos Afogados
Tô te esperando
Vê se não vai demorar...
Eu tô te esperando
Vê se não vai demorar...




Traída, pela minhas defesas.

Sabe aquele momento em que você não tem chão, em que você se sente caindo em um precipício, onde toda a sua segurança, e toda a sua as suas certezas se vão!
Pois é bem assim que me senti essa semana, sem saber onde ir, qual o caminho certo, ver meu grande esforço esvaindo em meio ao meu cérebro confuso. Foi essa a sensação que senti, quando essa semana me colocaram a prova diante de pressão, me coloram a flor da pele com os nervos, entrei em contradição com as minhas mais seguras certezas, com aquilo que havia visto muitas vezes, aquilo que sabia sem pestanejar, duvidei de mim, se realmente sabia aquilo. E no fim, cai em contradições, nas artimanhas, e deixei aparente o meu ponto fraco para o inimigo, que soube que aquele era o meu ponto fraco e assim, tripudio em cima de mim, levando a sua vitoria e me deixando desestruturada.
Vi naquele momento meu esforço de dias, meu trabalho, minhas horas dedicadas a função, serem jogadas por água a baixo. Escorrerem de mim, fugiram por entre meu cérebro, minhas memórias, e as partes de conhecimento que adquiri ao longo desse tempo.
Fui traída por mim mesma, pelo nervosismo, pela falta de segurança, talvez pelo excesso de segurança, por ter muita certeza de muitas coisas, por conceitos tragos de muitos anos, de outras eras, e épocas vividas por mim, conceitos e coisas das quais agora duvidei se tenho mesmo certeza. Pela presença de uma pessoa superior aos demais que me colocou temor, me fez tremer, e assim perder o chão e ser traída pela ansiedade, pela minha falta de controle naquele momento. 
Mas enfim passou, me senti como se tivesse como diz a canção, numa noite longa com uma vida curta. Mas então chegou a noite e pude chorar, me desabafar, colocar pra fora tudo aquilo que estava aqui dentro, o sentimento de derrota, de tempo perdido, de não satisfação da minha expectativa, de não realização pessoal, e de não poder cumprir com o prometido aos demais, não poder dar a noticia esperada, que sim tudo estava bem, conforme o planejado e esperado.
E como sempre, lá estava a pessoal fundamental em quase todos o momentos de minha vida, pra me ajudar nas minhas fraquezas, pessoa para a qual me desnudo de todas as minhas máscaras e armaduras.
Minha mãe. Descubro mais uma vez, que estou muito ligada emocionalmente a ela, que ainda sou muito dependente dela para resolver algumas de minhas emoções e angústias. E assim percebo que preciso trabalhar isso em mim, que preciso caminhar sozinha nesse ponto, mas isso são coisas a futuro,que ainda não tenho condições de resolver assim de imediato.E como sempre ela me mostra o lado bom das coisas e lado ruim também, me indagou de forma sutil sobre minhas decisões e escolhas, se estou realmente certa, segura do que estou fazendo, se minha decisão de vir para onde vim foi mesmo acertada, se o curso que escolhi fazer é realmente a minha vocação, se não só entrei nessa por teimosia, pra provar aos demais que sempre apostaram que não seria nada, que sim, sou capaz de fazer algo, ser alguém. 
Me fez tantas outras quantas perguntas que me levaram por uma momento, a duvidar de mim, me perguntar algumas coisas, ver se minha realidade era verdadeiramente real. 

Tive um momento de crise existencial, de ver minha bolha de vida construída ao longo de anos, escapar o ar por vários lados, e assim me senti sufocada, sem ar, ameaçada. 
E por fim, sei que minha decisão do curso é por amor, que descobri nele uma vocação, a qual no inicio não era tão real, que era mais por status, por dinheiro. Mas ao longo do tempo fui vendo que era algo que já estava em meu ser, que me dominava, e preenchia um vazio, uma vontade de fazer algo por alguém, de ver as pessoas bem, de poder conhecer como funcionava meu corpo, essa maquina tão linda. Assim percebi que a medicina é um parte de mim, é uma vocação, um sonho.
Mas então, fiz uma retrospectiva de tantas coisas que já passei desde que aqui cheguei, das coisas que tive que fazer no Brasil pra estar aqui, do acidente que sofri, e que por obra do Senhor não aconteceu nada, das brigas sem fim, das palavras doloridas ditas. Reparei que tenho passado tantas batalhas, ao longo de um ano, que jamais havia passado em minha vida, que tenho feito de tudo pra ganhar essas batalhas, mas muitas me tem derrotado, que cresci tanto nesse tempo, que amadureci mais ainda. 

Mas mesmo assim, estou cansada de nadar, nadar e morrer na praia, que minhas mãos estão calejadas, muito cheias de cicatrizes, que já não aguento mais vê-las sangrar, de tanto dar murros em pontas de facas. No auge desse momento disse que já não tenho forças mais pra isso, que não sei se suporto a tudo isso, que sou fraca, por mais que me ache forte.
Cheguei a conclusão que vir para cá foi bom para me colocar a prova, ver meus limites, minhas fraquezas,  minhas dependências, e pra me conhecer melhor. Mas também acho que se não der certo agora, eu desisto, que a minha última chance é essa, e que se não der certo agora não será aqui, que esse pais não era mesmo meu destino pois, como já disse em outro texto, só me desvivei dele para no final retornar ao verdadeiro destino. E assim, se nessa semana não acontecer o planejado, estou partindo, voltando pra casa, pra terminar de percorrer o caminho, que lá deixei pela metade, mas sem remorsos, sem arrependimentos pois, daqui só levarei o que foi bom, alguns momentos de ALEGRIA, as AMIZADES, as BELAS IMAGENS dessa cidade, e claro o meu CRESCIMENTO PESSOAL. E a certeza de que lutei, que tentei fazer o meu melhor, que venci batalhas bravamente, e que por mais que digam que voltei de mão vazias eu sei que não que ganhei algo que ninguém pode me tirar, EXPERIÊNCIA DE VIDA.








domingo, 27 de maio de 2012

2596 Km

2596 km, é essa a distancia que me separa daqueles que amo. Daqueles que são os meus.
Ah! Como eu gostaria de precorrer essa distancia o mais rápido que pudesse, como eu queria nesse momento ter as asas de um pássaro, ou as de um anjo, mas acho que isso seria ser muito presumida, querer ter asas de um anjo quando na verdade não passo de um ser humano, uma simples mortal, cheia de defeitos e problemas, que mal sei resolver por mim própria.
Mas mesmo assim, se tivesse as tão sonhadas asas, eu viajaria por mares, oceanos, continentes inteiros, só para encurtar a distancia que tanto me faz mal. Só para estar mais perto, daqueles que me fazem feliz. 
Faria o maior esforço do mundo para suportar as tempestades de areia do deserto, as tormentas do céu, os raios, os trovões, e faria a maior força que tivesse, bateria o mais rápido possível as minhas asas, para chegar mais rápido ao meu tão sonhado destino, o meu lugar, a minha casa, onde poso repousar em paz a minha cabeça no travesseiro, e sonhar, sonhos tranquilos, ondo posso ter certeza, que de um modo ou de outro as coisas vão ser mais fáceis, por mais complicadas que possam parecer.
2596 km é o tamanho da minha saudade, da minha tristeza, é o tamanho da vontade que tenho de estar no meu país, na minha cidade. 
2596 é o número de coisas que quero comer no meu país, é a quantidade de vezes que necessito dizer que, nunca mais quer sair dai, é a quantidade de vezes que tenho de dizer aos demais, que aqui fui feliz mas, que ai sou, e sempre fui 2596 vezes mais feliz.
Esse também é o numero de vezes, ao dia que quero dizer a minha mãe que a AMO muito, que ela é muita coisa em minha vida, que mais do que nunca, depois de tanto tempo descobri, que ela é a minha base sólida para seguir caminhando, que nesse, e em tantos outros momentos de minha vida sou muito dependente dela,  emocionalmente, financeiramente.
Se pudesse, caminharia esse distancia a 2596 km por hora, para chegar em casa em um segundo, para estar em casa nem que fosse por uma mísera hora, mas que seria agora, nessa fase de minha vida, umas das mais felizes horas que pudesse sonhar. 
Nesse breve momento, que tenho certeza, que devido a intensidade seria como um tempo psicológico, onde não teria a noção de quanto duraria uma hora, que para mim não passariam de alguns minutos, onde mal poderia expressar a saudade do meu lugar. Como muitos diriam, do meu reino encantado.

Mas tenho certeza que faria durar o máximo possível, que o sentiria com toda a minha intensidade, com toda a minha gana de casa, que passaria o tempo colada nos que são os meus, a minha gente, a minha família, que não deixaria nada para o próximo segundo, pois no próximo segundo poderia ser tarde demais, poderia ser o segundo no qual já teria que regressar.
Faria tudo com pressa, mas com a sensação de que tudo seria uma eternidade, que estaria fazendo tudo calmamente, leve como uma brisa suave de primavera.
Nesse hora me asseguraria de cumprir tudo a risca, para que nada saísse fora dos meus planos, para não perder nem se quer um segundo. Segundo que poderia ser decisivo, poderia ser o segundo do abraço, o segundo de dizer adeus, que os amo muito.
Ao percorrer esses 2596 km num bater de asas, num piscar de pestanas, como se usasse o pó de perlimpimpim, o tão sonhado pó mágico, que nos leva aos locais desejados, veria minha mãe, me acalmaria tendo certeza de que ela esta, verdadeiramente bem. Diria a ela que voltaria em breve, com a mesma velocidade a qual cheguei, que bastaria pensar em mim, que de um modo ainda não explicável pela ciência, eu me transportaria para diante dela, e a abraçaria fortemente, como se fosse o nosso último abraço. Então, voltaria para Buenos aires para seguir tocando minha vida, em busca dos meu sonhos.
Sempre que pudesse, eu me trasportaria com a força do pensamento para a minha cidade, veria tudo como esta, veria aqueles que sinto falta, e então voltaria. Seria a maneira mais fácil, e sutil de percorrer os temíveis  2596 km, de matar a saudade.
A distancia, é algo que me angustia quando estou com saudades de casa, quando estou preocupada com os meus, mesmo sabendo, bem lá no fundo, que eles estão bem. 
Assim mesmo com toda essa certeza, me angustio, choro tal qual uma criança, pois me ponho a pensar na reviravolta que seria em minha vida, as grandes mudanças, o choque que seria, sem falar na perda da minha base sólida para caminhar, se não tivesse isso tudo que tenho, se não tivesse minha família, por mais que alguns não me aceitem como sou.
 E mesmo assim, sabendo que que ela (mãe) vai ficar bem, que tudo vai correr como planejado, que pela tarde falarei com ela, e me certificarei que está bem, que tudo não passou de uma angustia, um medo torpe de perde-la, de não a ter mais diante dos meus olhos, de não pode-la abraçar, e retribuir tudo o que faz por mim. E a cada vez depois de falar com ela, os 2596 km me colocam a pensar, que essa pode ter sido a ultima vez que a vi viva pela internet, que essa foi a ultima vez que ouvi sua voz, e a ultima vez que me despedi, que foi a última vez que ela me abençoou.
Os 2596 km continuam me angustiando, me fazendo pensar em tudo isso, me atormentando, e continuam me impedindo de ir para casa, a cada instante que tenho vontade de estar por lá, os 2596 km continuam me fazendo chorar, escrever esses textos, como forma de desabafar a minhas emoções, tão afloradas desde que descobri o significado desses números.
2596 km são o que me fazem reconhecer coisas sobre minha vida, que me colocam a pensar, me fazem reconhecer coisas que antes não tinham importância para mim, e me trazem lembranças que nem sabia que ainda podiam existir em minha memória.
Ah se eu tivesse asas, se pudesse me transportar com a força do pensamento, ou melhor se eu não estivesse aqui, buscando um sonho tão grande, se não tivesse tão perto e ao mesmo tempo tão longe de realiza-lo, se não tivesse essa barreira tão grande entre aqui e lá, 2596 km, não passariam de cifras sem sentido, de mais uma unidade de medida, de um amontoado de números, e esse texto não seria sobre isso, não seria nada mais que um texto de uma garota muito feliz, não que eu não seja feliz, com uma outra historia para contar.





domingo, 20 de maio de 2012

Ensimesmar

Há muito que estou para escrever esse texto, mas a falta de tempo não me permitia, assim que decidi dormir um pouco mesmo e escreve-lo, assim espero que quem o leia desfrute. 


Quem nunca na vida se pegou parada no tempo, como se não estivesse nada acontecendo ao seu redor? É isso mesmo! Não estou louca, parada no tempo essa é a verdadeira expressão. Bom não sei se isso costuma passar com os demais, mas comigo passa sempre.

Por mais que isso me aconteça de forma muito rápida, durante alguns minutos, tenho passado ultimamente por alguns dias introspectivos, dias nos quais tenho estados ensimesmando-me.
Muitas vezes estou eu, parada com os olhos fixos, olhando em direção ao nada. Com olhos perdidos em meio a  tudo que passa ao meu redor, olhos sem vida para aqueles que veem com certo temor a minha reação, como se estivesse vendo uma pessoa louca, que se desligou do mundo, e está vivendo um universo paralelo.

É exatamente isso, estou em um mundo paralelo, meu mundo de memórias, lembranças, de pensamentos puros, e impróprios, mas não me importo pois, é meu mundo onde nada é proibido, é um mundo inteligível, onde tudo é possível.
Isso é o que com frequência chamo de ensimesmar, perde-se em si mesmo, em ilusões, cores, explosões de sentimentos, e sensações. É o prazer momentâneo de estar consigo, de não ter mais ninguém que possa te importunar, que venha lhe dizer o que fazer ou não, se isto é possível ou não.
Ensimesmar-se é ouvir o nada, ouvir o som do vento, dos seus pensamentos, e ao mesmo tempo, ouvir musicas que só exitem em sua mente, a melodia das imagens que passam em seus olhos, de uma forma lenta, e agradável. 
Nesse curto espaço de tempo, que não dura mais que alguns minutos, pois sempre tem alguém que te chama no melhor dos pensamentos, e lhe traz a tona a realidade, você sorri, faz expressões de alegria ou de tristeza, balança a cabeça afirmando ou negando as coisas, movimenta as mãos, como se estivesse falando com uma pessoa a sua frente, quando tudo não passa de uma breve conversa com um eu lirico interior, um eu que só você conhece existir.
Ensimesmar-se é olhar em um espelho, o qual ninguém mais pode olhar, talvez seja o que alguns chamam de espelho da alma, é ver o reflexo de seu interior, um reflexo que só interessa a você, onde você vê uma imensidão de coisas, um vazio tão cheio de tudo, tão complexo, e ao mesmo tempo tão simples.
Nesse intervalo de distração, de um breve piscar de pestanas, eu me perco em uma solidão eterna, uma solidão agradável, na qual não me faz falta a presença de alguém para conversar, ou a noção de tempo e espaço,ou a ideia de que existe um mundo afora.
Nesse breve momento, que sempre ocorre quando estou na rua andando distraída, ou estou no meio de um livro, ou em casa sozinha, ou quando estou realizando uma atividade rotineira. Alguma coisa, uma imagem, uma palavra, uma ação, dispara esse mecanismo de reação onde por um breve momento meu inconsciente deixa escapar algo em direção ao eu consciente. Pronto já esta feito, lá se vão alguns minutos de minha vida  alienados do mundo externo, mas que me fazem tão bem, que me relaxam, me aliviam o peso do mundo real, e que fazem passar por pessoa distraída.
Sabe as únicas coisas ruins desses momentos é quando estou na rua e começo a rir sozinha do nada, é quando me pego falando sozinha em meio ao um monte de pessoas, quando estou no meio de uma conversa na qual eu já me perdi, uma pessoa me faz uma pergunta e tenho que pedir que repita tudo outra vez, e acho que o pior de tudo é que ensimesmar-me não dura o quanto eu queria para poder completar meus pensamentos.
Apesar de tudo isso continuo a ensimesmar-me, a me perder, a me alienar, pois esses são meus momentos de fuga, que me trazem a tona algumas coisas que verdadeiramente me fazem bem, que me fazem perceber que o mundo não é só essa casca que vemos por fora que exite um mundo grande e cheio de possibilidades dentro de mim. E garanto que existe um dentro de você, basta que você tire um momento para si, e se desligue de tudo ao seu redor, basta que você realize a ação de ensimesmar-se.








Dizem que garotos não tem sentimentos



Sim, nós sentimos tanto quanto vocês, garotas. Fazemos planos, ensaiamos conversas que não acontecem, escrevemos os nossos nomes dentro de corações, brincamos com as iniciais e os rabiscamos em qualquer papel, ou até mesmo no box embaçado do banheiro na hora do banho. Ficamos bobos quando nos apaixonamos, perto dela sentimos aquele frio na barriga, as mãos ficam suadas, o coração dispara, as palavras ficam pela metade, muitas vezes é difícil dizer um simples ‘oi’. Ficamos tão bobos que não sabemos nem o que dizer, e acabamos falando alguma besteira, e depois saimos pensando: “Que merda! Por que eu fui falar aquilo!? Agora ela deve tá achando que eu sou um completo idiota”. É, o amor nos deixam assim, bobos.


                                                                                                                      (Henrique Perius)









sábado, 19 de maio de 2012

Casa Arrumada



Casa arrumada é assim:

Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.

Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.

Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas...

Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:

Aqui tem vida...

Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.

Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.

Sofá sem mancha?

Tapete sem fio puxado?

Mesa sem marca de copo?

Tá na cara que é casa sem festa.

E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.

Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.

Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela de aniversário, tudo junto...

Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.

A que está sempre pronta pros amigos, filhos...

Netos, pros vizinhos...

E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia.

Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.

Arrume a sua casa todos os dias...

 Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...

E reconhecer nela o seu lugar.

Afinal, a vida ,a felicidade e paz são caminhos e não destinos....



Texto de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)









segunda-feira, 14 de maio de 2012

Escolhas. O mesmo que livre arbítrio.

Se, eu pudesse voltar no tempo!
Se, eu pudesse mudar algumas coisas no passado, quem sabe as coisas agora pudessem ser diferentes.
Mas sei bem que isso não é possível, assim que me cabe aceitar as coisas como elas estão, e fazer com elas voltem ao caminho que planejei, fazendo novas escolhas. Não digo essas coisas porque me arrependo do que fiz, muito pelo contrário, não me arrependo de nada do que tenha feito nessa vida. Comento isso porque hoje, depois de muito tempo sem escrever, estava pesando que algumas coisas seriam muito diferentes, se não tivesse tomado as decisões que tomei. Acredito que a minha escolhas, atitudes, e decisões foram as mais certas naquele momento.
Mas... Se pudesse ver o resultado de algumas delas, onde algumas delas me levariam, talvez eu pudesse tomar as mesmas decisões, mas leva-las a um caminho final diferente. Isso se chama livre arbítrio, capacidade de tomar as decisões sozinho, mesmo que elas te levem a grandes problemas ao final. Ou seja, você não esta determinado a fazer aquilo que lhe foi traçado, pois no meio do caminho você pode mudar de ideia, e fazer as coisas totalmente diferentes daquilo que estava planejado.
Assim, se eu tivesse usado mais desse meu livre arbítrio, talvez fosse uma pessoa diferente, não tão condicionada aos demais, talvez fosse uma pessoa que não dependesse tanto da aprovação dos outros. Sei lá, talvez tudo isso, não passe apenas de uma divagação sem resultado algum. E assim eu fosse a mesma pessoa que sou agora.
Mas mesmo assim, se eu tivesse tomado algumas decisões diferentes, eu não estaria aqui onde estou, em Buenos Aires passando as coisas que tenho passado, as dificuldades que tenho vivido, e algumas delas sem ter porque, pois quando paro e penso, vejo que passo elas por escolha minha, que estou aqui porque decidi vir sem a total aprovação de minha mãe que sabia que tudo isso iria acontecer, e que tentando me proteger me avisou, e foi contra a minha vinda para cá.
Mas agora é tarde. Eu muito teimosa, e com a minha imensa mania de estar sempre certa, que tudo o que penso e quero, por mais complicado e inatingível que seja, sempre acho que eu vou ter, e conseguir me levou aonde estou. O que posso fazer? Se sou uma pessoa de grandes sonhos, de grandes ambições. São esses meus sonhos, essas minhas ambições, minha mania de grandeza que me faz querer sempre mais, que me faz lutar a cada dia, é o que move a minha vida. É a minha força pra levantar da cama de manhã, ir para a faculdade, estudar, e manter essa minha rotina a cada dia com o objetivo de atingir meus ideais.
O que posso fazer, se prefiro as vezes arriscar em algo que não sei se vai dar certo, se prefiro fazer a escolha, que não sei se vai realmente, me levar ao lugar que planejei, se decido fazer aquilo que tenho vontade, simplesmente para satisfazer uma desejo, ou para simplesmente obter a certeza de que estava errada, de que o que os outros me disseram era o verdadeiro, o certo a se fazer. Prefiro arriscar, levar uma rasteira da vida, ser cabeça dura, e depois arcar com as consequências, é assim que se aprende.
Mas mesmo assim, se eu tivesse o poder de ver o futuro, evitaria de algum modo tomar tantos nãos, de quebrar tanto a cara, não sofrer por antecedência, de não criar tantas expectativas em cima de coisa, que não valem a pena ao final, de coisas que não vou alcançar nunca. Talvez ate evitasse começar algumas coisa, como tantas que comecei e larguei, pois percebi que não me davam o prazer que esperava, que o resultado final não foi o que idealizei.
Isso me pouparia tempo, me pouparia dinheiro, e menos estresse, me daria mais minutos de vida, pois a cada vez que me irrito meu coração bate mais, milhões de reações químicas acontecem em meu corpo, que me matam  mais rápido.
E ao final de tudo até pode parecer que estou arrependida das minhas escolhas. Mas não estou, pois sei que são com os erros, com as decisões erradas tomadas, com as surras da vida que se aprende o que é certo, o que se deve fazer em situações, nas quais ates não se sabia o que fazer. Que nem todo mundo faz só aquilo que gosta, ou que lhe dá prazer. E que nem sempre tudo aquilo que se sonhou, ou que se quis ter você terá. Pois nem todos os sonhos, desejos, vontades se realizam nessa vida, algumas dessas vontades ficam, para que se tenha gana de viver, de lutar a cada dia, para não se morrer de desilusão, de falta de sonhos, de ter o que lhe move a cada dia para caminhar para frente, sem ficar preso ao passado ou lamentando as escolhas feitas.
Sendo assim eu sigo em frente, sem me arrepender do passado, das escolhas feitas, sofrendo as consequências de cada uma delas, mas sabendo que não há mal nem dor que perdure para sempre.
E que de um modo ou de outro, ao final vou chegar em alguns dos meu objetivos, mesmo que tenha que fazer alguns caminhos tortuosos para prender, algumas lições fundamentais para essa vida.