terça-feira, 29 de novembro de 2011

Pecado original

E sob o céu de Andaluzia em meio a noite com a sua linda lua espanhola, dois corpos velejam sobre as águas do mar salgado e cálido, tal qual o estado dos corpos que se atiram nas águas, se submergindo em meio bolhas suaves, refrescantes, de uma pureza imaculável, que se tornam as vestes de dois corpos semi nus, que se confrontam contra as marolas que vem do fim do mundo, e que vão de encontro as areias claras, e límpidas das praias.
Essas águas antes imaculadas, puras, de um frescor incomparável ,passam a ser a únicas testemunhas do encontro de dois seres, que não sabem o que fazer com o calor que toma seus corpos.
Um desejo louco de encontrar um ao outro, de sentir um ao outro, saber o que  pensam, de saber os desejos de cada um, e torna-los possível em meio ao mar salgado, e calmo das noites andaluzas. Naquela noite não se sabia bem ao certo o que fazer, não se sabia se o que sentiam era permitido, ou se seria o pecado maior de todos o tempos.
As amarras sociais e a consciência, não permitiam que se sucumbissem ao desejo, as realizações das paixões mundanas, e terrenas. Aquilo seria condenado no dia do juízo final. Mas quem disse que o juízo final existia? Que aquilo era proibido? Não se sabia ao certo, só se lembravam de que aquilo lhes havia sido ensinado há muito, desde a infância onde eram puros, e inocentes e não sabiam que aquilo poderia se apoderar de seus corpos. E com o passar do tempo entenderam que aquilo, era a origem de estarem ali, o tal Pecado Original.
Se havíamos sidos feitos para o amor, aquilo que estavam vivenciando ali era a mais pura forma do amor, a busca do prazer também fazia parte daquilo, também fazia parte do amor. Se o corpo havia sido programado para obter o prazer, durante aquele momento do encontro entre dois corpos porque não realiza-lo? Então, porque não se entregarem um ao outro, porque não demonstrar que se amavam por meio daquilo. E assim, não mais pensaram se aquilo era permitido, ou não. Decidiram se deixar levar pelo o que os corpo lhes pediam, se entregaram ao beijos, as caricias em meios as águas espumantes, e que agora devido ao movimento de seus corpos se tornaram revoltas, assim como o calor de seus corpos, que agora eram maiores. As espumas, e a lua se tornavam de fato as testemunhas das caricias, e beijos.
E ao final, os corpos tremem, se chocam ainda mais com as ondas, as bocas tremulas deixam sair pequenos sons não identificáveis, rangidos de dentes, e gritos suaves. Naquele momento poderia ser que houvessem descoberto o dom do pecar, do desejo carnal, da entrega ao amor, ou poderia ser o momento em que pararam tudo, já que a consciência tão fechada, lhes trouxe a mente a imagem da condenação dos demais.
Nesse momento as corpos se afastam, se encolhem, voltam as vestes da humanidade, deixando as longas túnicas de espumas borbulhantes, e voltam ao veleiro.

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