sábado, 26 de dezembro de 2015

Eu me vi no céu.



Uberaba, 29/11/2013.


Eu me vi no céu, em meio as suas nuances, em sua mescla de azuis, que compõe uma aquarela natural, feita a dedo. Tons de azuis tão lindos como nunca antes vi, variava do azul mais claro ao tom mais escuro e tenebroso, mas sem deixar de ser lindo mesmo assim. Os tons celestes alegravam a paisagem, faziam à visão mais linda.
As nuvens feitas de fumaça macia e doce afagavam meu corpo exausto, essas formavam junto à imensidão do céu desenhos, formas sem barreiras. Brinquei nas nuvens de saltar, mergulhei em algumas, adormeci e acordei na doçura de seu toque e seu afago. 
Ao longe uma luz, um resquício do sol da tarde que restava por de trás das nuvens, parecia um portal me chamando em sua direção, a vontade de tocar o dourado ao redor das nuvens era imensa. Embrulhar-me naquelas cores, nos tons de amarelo, dourado e branco, quem sabe assim eu não reluzia também, não me fazia mais radiante.

Ao fim da tarde as cores foram se transformando e uma imensidão delas se revelou, e me inebriaram os olhos, me tiraram o fôlego, e degluti pasma cada palavra que me veio à mente, não tinha explicação tanta beleza. 
Sem pensar me joguei em meio a elas, me transformei em arco íris, no limite sem fim do espaço, virei flores da primavera, me desmanchei, e me recompus. 
Voltei a mim em instantes, já não me cabia de tanta alegria, de tanto torpor, ao ver tamanha maravilha, e mais por estar contida nela. Poder tocar, sentir os aromas das cores, das nuvens, aroma de chuva no ar. E sem mais nem menos, chuaaaa!!!! 
A chuva chegou, me molhou com suas gotas, lavou meu corpo cansado, me embebeu em meio ao seu pranto que fecunda a terra e a faz florescer.
Desfiz-me mais uma vez me tornei água, escorri pelo céu, flutuei sem peso, leve como devia ser, evaporei e retornei ao ponto de partida, sentada em uma nuvem vendo o mundo lá de cima.

Vi o dia ter fim, e a noite chegar com seu manto azul escuro, bordado de estrelas e cometas, disse tchau ao sol e agradeci pelo seu calor e luz.
Com a noite chegou a brisa e se fez frescor, tinha cheiro de mar, arrepiou meu corpo. As estrelas piscavam para mim como se me enamorasse, eu tentava toca-las, mas de tão longe não podia. 
Senti seu brilho chegar  a mim, iluminando minha face rubra, a lua se fez presente, crescente, e sem mais me lancei em seus braços, carregada pelas nuvens cheguei a sua superfície e me sentei na ponta de sua crescência, e olhei a terra aqui em baixo, tudo era tão pequeno, mas de uma beleza sem fim.
Adormeci na lua e despertei no caminho quando era transportada pelo brilho das estrelas que reluziam nas nuvens, apaguei sem medo, e acordei mais uma vez aqui onde estou, onde tudo começou, me vendo mais uma vez no céu a sorrir e brilhar, sentido felicidade, pulando em meio às nuvens e colhendo brilho de estrelas, e rastros de cometas, olhando de longe do infinito do céu, como tudo é belo aqui, e como somos pequenos perto de tamanha beleza e grandeza.


segunda-feira, 24 de março de 2014

O véu da noite responsável por meus tormentos.



Ao longe vejo, o ultimo raio de sol dando seu suspiro agonizante final, não quer partir, mas não tem escolha à ordem natural das coisas assim o faz ser, o véu da noite aos poucos vem chegando, encobrindo tudo com a sua sombra, surgem pontos no céu são astros que ali reinam, sem poder algum, pois a grande dama da noite ainda esta por vir, aos pouco ela chega ainda meio sem graça, mas de um jeito imponente apaga tudo ao seu redor, traz a luz que ilumina a escuridão, e mesmo com tamanha austeridade não tem luz própria, se utiliza de um astro maior o qual parte ao final de cada dia para em sua imensa generosidade fornecer um reinado, ainda que curto e sem tanto poder,  a dama da noite, e como se não bastasse ter que partir fornece o brilho que ilumina a dama que se faz presente em seu vestido prateado e que a faz cintilar com sua explosão de companheiras.
A dama chega e com ela meu desespero, minha agonia vem me encobrindo assim como o véu que tudo apaga para apenas a senhora da noite brilhar. 
Mais uma vez me vejo sentindo o que não sei explicar, um aperto, um sentimento estranho, como se mergulhasse e não voltasse tão cedo, o estômago fica nauseado, as palavras se embolam, a voz some, e só sei fazer isso, escrever, fazer jorrar pelos dedos como uma cachoeira os sentimentos, vem um descontrole não sei de onde, logo eu que sou tão controlada, que tenho tudo tão estável ao menos aparento aos demais ser assim, um nó na garganta me faz querer chorar, mas porque? Não sei de onde vem isso, mas é forte e intenso, um monte de lembranças me consomem coisas que gostaria que nunca houvessem passado, e algumas que amo relembrar, mas que como não voltam me fazer sentir nostálgica e mais uma vez me consumo em lágrimas.
Queria poder colocar num papel, saber expressar aquilo que vem de dentro do fundo de recônditos muito distantes, de reinos não muito habitados dentro de mim, ou melhor, recônditos muito povoados de lembranças e sentimentos, mas que não sei onde fica, e não possuo muito conhecimento a respeito do mesmo, há quem dera soubesse lidar com isso como faço com outras situações, mas aqui é uma represa que contenho suas águas com uma forte barreira, mas de vez em quando não sei por que nem como, surgem buracos, e então ela vaza e me enche desses sentimentos estranhos que me fazem sentir assim.
Sinto-me como uma dama louca perdida no tempo me sinto em um chão de estrelas caídas, me vejo onde nada é palpável, quero explodir, algo quer sair e não pode não sabe o caminho, vem, chega ao topo e retorna, o engulo seco áspero, sem muita delicadeza ele retorna me atormenta mas uma vez,  faz com que eu me sentir mal, e como sempre não sai, revira, retorce, me contorço e não me livro desse sentimento, quero que ele se exponha revele sua face assim eu o poderia encarar olhar em seus olhos frios que se queimam de prazer ao me ver sentir assim.  
È um demônio que aqui vive sente prazer em me torturar, de tempos em tempos, e cada vez mais freqüente ultimamente, vem me visitar, me fazer descontrolar, me ver perdida não lido bem com algumas sensações e me sinto assim, como agora, sem chão.
Me pego do nada a pensar em coisas que não quero, um futuro incerto, o que será de mim, coisas que podiam ser esquecidas, ou adormecidas, pois não se pode apagar o passado, pois somos feitos dele, já que o futuro é algo imprevisível e assim não podemos viver na espera de seu eterno chegar, desse modo gostaria de colocar algumas coisas que já passaram para dormir um sono de Cinderela um sono profundo e longo. E fazer com que o futuro não me deixasse tão insegura, que pra ele  tivesse já um caminho certo, uma fórmula mágica, um feitiço que o fizesse ser garantido.
E do nada me sinto vazia, fria, sem nada, me falta tudo mesmo consciente do que tenho, quero preencher esse vazio, mas não sei com o que, não sei o que falta, mas falta e falta muito o buraco é grande profundo, me ponho a buscar coisas entulhos pra preenchê-lo, mas nada adianta ele não tem fim, tudo que coloco e ele engole, traga, mastiga, as vezes o tapo com engodos outra coisas que me satisfazem, me trazem alegria, atividades pessoas, sentimentos bons, mas não dura muito e ele mais uma vez engole tudo, e assim nunca termino nada, pois o que me dá prazer agora depois já não me satisfaz mais, não supre minha necessidade o buraco aumentou ele quer mais sempre mais, é como o demônio que aqui vive e que sempre está presente de tempos em tempos pra me atormentar. 
Andei pelo mundo e acho que andaria por todo ele e mesmo assim nunca encontraria aquilo que pudesse tapar esse buraco, tudo ele traga, desfaz e tudo perde a graça o brilho e eu perco a sensibilidade cada vez mais, fico mais ríspida, mais dura, amarga, fria, e ainda com um buraco enorme dentro de mim algo me falta mesmo sabendo que tenho muito, que tenho o necessário para sobreviver.  
E cada dia que passa me vejo sendo aquilo que não sou, vivendo de aparências, de sorrisos duros, amargos risadas frias, sem calor de apreço sem sentir nada, sem receber nada verdadeiro que me faça resgatar algo que seja meu de verdade que esta escondido em algum cantinho em mim, quero ajuda, quero ser aquela que era antes do buraco ter começado a se cavar dentro de mim antes dele ter se tornado a morada do que vive aqui e não sei o que é, quero liberdade quero expor esse sentimento que ele se mostre, quero confronta-lo e derruba-lo para sempre e só então voltarei a ser eu, com o vazio preenchido, e os demônios ao chão, mortos no campo de batalha da guerra que travei durante tanto tempo, e que por fim serei vitoriosa.
 E quando isso se der apreciarei a beleza da dama da noite, verei seu brilho resplandecer em minha pupilas e acharei que aquilo é um espetáculo a parte, não reclamarei de seu chegar, pois não haverá o que temer, o véu da noite não mais será o que traz meu tormento, o primeiro raio de sol que nasce pungente não será meu alivio, será apenas o presságio de que um novo dia vem vindo trazendo alegrias pra eu sentir e mais vida pra eu viver.








domingo, 10 de novembro de 2013

MAKTUB!!

E o que há muito não sentia, e tomava meu corpo o vem fazendo outra vez, de forma muito sorrateira, os velhos sentimentos estão voltando, as sensações chegando, e eu no meio de tudo sem saber o que fazer, mais uma vez.
Vejos fotos, imagens, recebos informações estão todos bem, mas eu não. Ainda estou aqui parada no tempo ou não, a vida seguiu; eu sei que seguiu, mas eu não, fiquei parada vendo tudo passar diante dos meus olhos e não podia fazer nada, não controlo o tempo, a vida. Meu livre arbítrio é limitado, restrito a poucos campos da minha história. 
A idéia de MAKTUB mais uma vez me vem a cabeça, e é sempre assim, como em muitos momentos não posso fazer muito, tinha de ser, o destino assim o fez, tracei os caminhos antes de tudo isso aqui e agora, não posso mudar muita coisa, não sei o que esperar diante de tudo o que há de vir pela frente, mas pelo que tenho visto as coisas podem ser boas, mas nao como eu gostaria que fossem, não são do modo que esperei que aconteceriam.
Sonhei tanto como sempre faço. Como disse Lenon "você pode me chamar de sonhadora" e sim eu sou e muito, mas meus sonhos são grandes e neles sempre prospero, quem sabe um dia não os realizo, mas por enquanto só tenho sonhado, desejado e nada tem acontecido talvez porque, escondo eles só pra mim, então fica difícil de chegar a ser verdade.
Não sei, a sensação que tenho é a mesma de uma frase de uma canção, que há muito escuto e muito chorei ao ouvir "meus sonhos estão cercados com arames farpados" fica dificil me aproximar deles, de fazê-los se tornarem real, quando estou chegando perto só me machuco cada vez mais tanto que, as feridas são grandes, sangrentas e quando se curam deixam marcas Assim vou me retraindo mais, criando mais defesas, mais barreiras, e ninguém mais chega perto de mim, pois vivo na defensiva com as armas em punho, com as barreiras postas e armadas.
Há muito criei barreiras, muros, eu diaria que até muralhas, tão grandes que eu mesma me perdi nelas, que perdi o controle quando as criava e agora queria que algumas delas caissem, mas não sei por onde posso fazer isso. Me perdi nessa fortaleza tão grande, cheia de caminhos e passagens que não sei onde fica o ponto fraco de tudo, o que deu o start para que tudo isso se fizesse. Bem, na verdade eu sei, mas tocar lá, chegar lá é tão complicado e doloroso que é melhor deixar assim. Uma hora acho um dos pontos fracos e derrubo uma parede e depois outra, até abrandar as defesas. Mas por hora fica assim. 
Eu continuarei sozinha, mesmo que no meio da multidão, sobrevivendo ao meu eterno maktub até que eu entenda onde isso vai me levar, até chegar ao ponto onde conquisto algo. Lugar onde quem sabe o drama termine e inicie a comédia, talvez a parte da alegria da comédia romântica. 
Por hora o filme é triste, acredito ter começado do meio para o fim, sabe o ponto quando o drama parece não ter solução, e do nada as respostas chegam e tudo termina bem, é exatamente ai onde estou no meio do drama sem solução, mas acredito ou quero acreditar que estou próxima de onde vem a solução. Essa parte eu espero ansiosa, aqui parada no tempo vendo tudo passar, sem poder fazer nada, vendo todos ao meu redor se moverem, conquistando seus objetivos, realizando seus sonhos, chegando onde eu queria chegar, sendo muitos o que eu queria ser, mas não consegui.

O meu devir há de vir, a minha mudança há de acontecer e eu ainda assim serei eu , um eu mais realizado, mais centrado, mais pertecente ao mundo, menos cheios de defesas, mais aberto, então o que escrevi será apenas uma parte do passado, onde não entendia o que estava acontecendo só ia junto com a maré, carregada pelas ondas em direção ao infinito do aceano.
E quando isso acontecer, entenderei que o agora não foi medonho e aceitarei o que escrevi antes de chegar aqui. Terei capacidade de entender que as linhas tortas que escrevi, levavam ao final do livro, ao final feliz, e só então darei rizadas de tudo isso e o que agora são lágrimas serão gargalhadas.
E enfim poderei dizer:
MAKTUB!





sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Turning Tables Adele
Close enough to start a war,
All that I have is on the floor,
God only knows what we're fighting for,
All that I say, you always say more,

I can't keep up with your turning tables,
Under your thumb, I can't breathe,

So I won't let you close enough to hurt me,No, I won't ask, you to just desert me,
I cant give you what you think you gave me,
It's time to say goodbye to turning tables,
To turning tables,

Under hardest disguise I see, ooh,
Where love is lost, your ghost is found,
I braved a hundred storms to leave you,
As hard as you try, no, I will never be knocked down,

I can't keep up with your turning tables,
Under your thumb, I can't breathe,

So I won't let you close enough to hurt me,No, I won't ask, you to just desert me,
I cant give you what you think you gave me,
It's time to say goodbye to turning tables,
Turning tables,

Next time I'll be braver,
I'll be my own savior,
When the thunder calls for me,
Next time I'll be braver,
I'll be my own savior,
Standing on my own two feet,

I won't let you close enough to hurt me,No, I won't ask, you to just desert me,
I can't give you what you think you gave me,
It's time to say goodbye to turning tables,
To turning tables,
Turning tables, yeah,
Turning, oh.







terça-feira, 18 de setembro de 2012

Estranho jeito de amar.

Depois de tanto tempo sem escrever, sem me fazer presente nesse tão vasto mundo cá estou eu , um pouco melancólica, mas isso é de praxe não é mesmo e para retratar um pouco desse sentimento uma música que redescobri depois tanto tempo.




Estranho Jeito de Amar 

Sandy & Junior

Quanta bobagem
Tudo o que se falou
Me olho no espelho
E já nem sei mais quem sou

Quanto talento
Pra discutir em vão
Será tão frágil
Nossa ligação

Não tem que ser assim
Tanto desencontro, mágoa e dor
Pra quê que a gente tem que
Se arriscar

Então volta pra mim
Deixa o tempo curar
Esse estranho jeito de amar

Falsas promessas
Erros tão banais
Mas ninguém cede
E pensa em voltar atrás

Não tem que ser assim
Tanto desencontro, mágoa e dor
Pra quê que a gente tem que
Se arriscar

Então volta pra mim
Deixa o tempo curar
Esse estranho jeito de amar

Esquece esse jogo
Não há vencedor
Mesmo roteiro
De sempre cansou

Vou te amando
E me frustrando
E sobrevivendo
Por um fio
Mas tô aqui
Sem desistir
Volta pra mim

Não tem que ser assim
Tanto desencontro, mágoa e dor
Pra quê que a gente tem que
Se arriscar

Então volta pra mim
Deixa o tempo curar
Esse estranho jeito de amar

Não tem que ser assim
Tanto desencontro, mágoa e dor
Se é bem melhor
A gente se entregar
Então volta pra mim
Deixa o tempo curar
Esse estranho jeito de amar





sexta-feira, 22 de junho de 2012

Lanterna dos afogados.





Quando tá escuro
E ninguém te ouve
Quando chega a noite
E você pode chorar...
Há uma luz no túnel
Dos desesperados
Há um cais de porto
Prá quem precisa chegar...
Eu tô na Lanterna
Dos Afogados
Eu tô te esperando
Vê se não vai demorar...
Uma noite longa
Pr'uma vida curta
Mas já não me importa
Basta poder te ajudar...
E são tantas marcas
Que já fazem parte
Do que eu sou agora
Mas ainda sei me virar...
Eu tô na Lanterna
Dos Afogados
Eu tô te esperando
Vê se não vai demorar...
Eu tô na Lanterna
Dos Afogados
Tô te esperando
Vê se não vai demorar...
Uma noite longa
Pr'uma vida curta
Mas já não me importa
Basta poder te ajudar...
E são tantas marcas
Que já fazem parte
Do que eu sou agora
Mas ainda sei me virar...
Eu tô na Lanterna
Dos Afogados
Eu tô te esperando
Vê se não vai demorar...
Eu tô na Lanterna
Dos Afogados
Tô te esperando
Vê se não vai demorar...
Eu tô te esperando
Vê se não vai demorar...




Traída, pela minhas defesas.

Sabe aquele momento em que você não tem chão, em que você se sente caindo em um precipício, onde toda a sua segurança, e toda a sua as suas certezas se vão!
Pois é bem assim que me senti essa semana, sem saber onde ir, qual o caminho certo, ver meu grande esforço esvaindo em meio ao meu cérebro confuso. Foi essa a sensação que senti, quando essa semana me colocaram a prova diante de pressão, me coloram a flor da pele com os nervos, entrei em contradição com as minhas mais seguras certezas, com aquilo que havia visto muitas vezes, aquilo que sabia sem pestanejar, duvidei de mim, se realmente sabia aquilo. E no fim, cai em contradições, nas artimanhas, e deixei aparente o meu ponto fraco para o inimigo, que soube que aquele era o meu ponto fraco e assim, tripudio em cima de mim, levando a sua vitoria e me deixando desestruturada.
Vi naquele momento meu esforço de dias, meu trabalho, minhas horas dedicadas a função, serem jogadas por água a baixo. Escorrerem de mim, fugiram por entre meu cérebro, minhas memórias, e as partes de conhecimento que adquiri ao longo desse tempo.
Fui traída por mim mesma, pelo nervosismo, pela falta de segurança, talvez pelo excesso de segurança, por ter muita certeza de muitas coisas, por conceitos tragos de muitos anos, de outras eras, e épocas vividas por mim, conceitos e coisas das quais agora duvidei se tenho mesmo certeza. Pela presença de uma pessoa superior aos demais que me colocou temor, me fez tremer, e assim perder o chão e ser traída pela ansiedade, pela minha falta de controle naquele momento. 
Mas enfim passou, me senti como se tivesse como diz a canção, numa noite longa com uma vida curta. Mas então chegou a noite e pude chorar, me desabafar, colocar pra fora tudo aquilo que estava aqui dentro, o sentimento de derrota, de tempo perdido, de não satisfação da minha expectativa, de não realização pessoal, e de não poder cumprir com o prometido aos demais, não poder dar a noticia esperada, que sim tudo estava bem, conforme o planejado e esperado.
E como sempre, lá estava a pessoal fundamental em quase todos o momentos de minha vida, pra me ajudar nas minhas fraquezas, pessoa para a qual me desnudo de todas as minhas máscaras e armaduras.
Minha mãe. Descubro mais uma vez, que estou muito ligada emocionalmente a ela, que ainda sou muito dependente dela para resolver algumas de minhas emoções e angústias. E assim percebo que preciso trabalhar isso em mim, que preciso caminhar sozinha nesse ponto, mas isso são coisas a futuro,que ainda não tenho condições de resolver assim de imediato.E como sempre ela me mostra o lado bom das coisas e lado ruim também, me indagou de forma sutil sobre minhas decisões e escolhas, se estou realmente certa, segura do que estou fazendo, se minha decisão de vir para onde vim foi mesmo acertada, se o curso que escolhi fazer é realmente a minha vocação, se não só entrei nessa por teimosia, pra provar aos demais que sempre apostaram que não seria nada, que sim, sou capaz de fazer algo, ser alguém. 
Me fez tantas outras quantas perguntas que me levaram por uma momento, a duvidar de mim, me perguntar algumas coisas, ver se minha realidade era verdadeiramente real. 

Tive um momento de crise existencial, de ver minha bolha de vida construída ao longo de anos, escapar o ar por vários lados, e assim me senti sufocada, sem ar, ameaçada. 
E por fim, sei que minha decisão do curso é por amor, que descobri nele uma vocação, a qual no inicio não era tão real, que era mais por status, por dinheiro. Mas ao longo do tempo fui vendo que era algo que já estava em meu ser, que me dominava, e preenchia um vazio, uma vontade de fazer algo por alguém, de ver as pessoas bem, de poder conhecer como funcionava meu corpo, essa maquina tão linda. Assim percebi que a medicina é um parte de mim, é uma vocação, um sonho.
Mas então, fiz uma retrospectiva de tantas coisas que já passei desde que aqui cheguei, das coisas que tive que fazer no Brasil pra estar aqui, do acidente que sofri, e que por obra do Senhor não aconteceu nada, das brigas sem fim, das palavras doloridas ditas. Reparei que tenho passado tantas batalhas, ao longo de um ano, que jamais havia passado em minha vida, que tenho feito de tudo pra ganhar essas batalhas, mas muitas me tem derrotado, que cresci tanto nesse tempo, que amadureci mais ainda. 

Mas mesmo assim, estou cansada de nadar, nadar e morrer na praia, que minhas mãos estão calejadas, muito cheias de cicatrizes, que já não aguento mais vê-las sangrar, de tanto dar murros em pontas de facas. No auge desse momento disse que já não tenho forças mais pra isso, que não sei se suporto a tudo isso, que sou fraca, por mais que me ache forte.
Cheguei a conclusão que vir para cá foi bom para me colocar a prova, ver meus limites, minhas fraquezas,  minhas dependências, e pra me conhecer melhor. Mas também acho que se não der certo agora, eu desisto, que a minha última chance é essa, e que se não der certo agora não será aqui, que esse pais não era mesmo meu destino pois, como já disse em outro texto, só me desvivei dele para no final retornar ao verdadeiro destino. E assim, se nessa semana não acontecer o planejado, estou partindo, voltando pra casa, pra terminar de percorrer o caminho, que lá deixei pela metade, mas sem remorsos, sem arrependimentos pois, daqui só levarei o que foi bom, alguns momentos de ALEGRIA, as AMIZADES, as BELAS IMAGENS dessa cidade, e claro o meu CRESCIMENTO PESSOAL. E a certeza de que lutei, que tentei fazer o meu melhor, que venci batalhas bravamente, e que por mais que digam que voltei de mão vazias eu sei que não que ganhei algo que ninguém pode me tirar, EXPERIÊNCIA DE VIDA.